Noite Internacional de Folclore no Paço de Lanheses

Foi possível apreciar, na noite 4 de Agosto, mais uma vez este espectáculo internacional de organizado pelo Rancho Folclórico da Casa do Povo de Lanheses. Este todos anos realiza este festival aqui, no solar do Paço de Lanheses, na sua terra, nesta freguesia do concelho de Viana do Castelo. Sendo este o XXXIII e que teve algumas particularidades, como a presença a cantar da Catarina de Almada "`capella", recentemente chegada dos Ídolos e apesar de estar na sua casa de família pela 1. vez aí, assim como mais quatro novos grupos estrangeiros, nomeadamente um da Rússia, como se pode ver nestes vídeos que se seguem:

"Casa dalmada" - Livro do Armeiro-mor


Brasão d´armas da Casa d´Almada, constante no livro do Armeiro-mor, por João do Cró ou João du Cros (folha 60 verso). 

Este códice iluminado foi mandado fazer por D. Manuel I que, no início do séc. XVI,  fixou os brasões existentes no uso das armas. 

Está Torre do Tombo, em Lisboa, e pertencia à livraria particular d´El-Rei D. Carlos. 

D. António Caetano de Sousa atribuiu as iluminuras ao mestre Arryet.


Peregrinação do maior grupo Compostelano até hoje - Lanheses a Santiago - 2012

Paço de Lanheses, 18 de Julho de 2012. 

Foi mais um ano que que os padres missionários claretianos, através da sua "Equipo de Pastoral Infantil y Juvenil Vocacional", levam um grupo internacional em peregrinação desde a freguesia de Lanheses a Santiago de Compostela, só que desta vez eram, pela primeira vez, mais de 120 e com representantes de todos os continentes.

Serra d´Arga, 19 de Julho de 2012

mais... http://dolethes.blogspot.pt/2012/07/a-caminh0-de-santiago-de-compostela.html

Visita do grupo Amigos de los Pazos (1978)

Visita da associação galega dos “Amigos de los Pazos” e seu presidente D. Juan M. López-Chaves Meléndez, em 1978, ao Paço de Lanheses.

Fotografia de: Gualberto Boa-Morte Galvão

A Origem da Feira de Lanheses na sua então Vila

por Lourenço d´Almada
em Lanheses a Preto e Branco,
edição da Junta de Freguesia de Lanheses.2012



Desagradável e aborrecida esta história!
Estes lanhesences estão cada vez mais fortes!
Não bastava terem transformado Lanheses de aldeia em vila (Vila Nova de Lanhezes), para proveito próprio, como agora alargaram o seu concelho e arrastaram para si a feira, que tende a ser grandiosa, pelos bons acessos que tem e por terem conseguido para ela o estatuto de mercado franco.
E foi à «espadeirada e à coronhada» que se afirmaram nas redondezas, agora que têm para si a polícia e juiz – cadeia, pelourinho e câmara.
Estes Ricaldes Abreu Pereira, senhores dessa terra e com solar no Paço de Lanheses, ganharam tal poder em Lisboa que ninguém os consegue parar e demover!


Era impossível não ser este o tema de conversa de toda a região afetada, que ia desde Ponte de Lima a Viana e de Barcelos a Valença mas principalmente a zona de Caminha, após os acontecimentos de 1796. Altura em que um fidalgo, do referido Paço, sai a cavalo com os seus homens e expulsa de vez, à força e sob a proteção da lei, os feirantes da frente da Casa da Ferreira, em Meixedo, obrigando-os só pararem, no que se chamou durante muito tempo Largo da Feira[1], em frente à sua grande casa.

Aí, aos sábados de 15 em 15 dias, lá continuou até hoje, trazendo toda a riqueza económica e movimento de cores que só visto.

Por mais de duas centenas de anos... juntas de bois carregadas, mulheres de cestos na cabeça, peregrinos e mendigos, cheiros dos fumados e ervas especiais, ferragens e ferramentas, telhas e toda uma olaria, flores, galinhas a carcarejarem, os ovos frescos, os porcos, coelhos, cabritos, as chitas, mantas e tecidos vários, solta-se uma corda de uma tenda, que debate ao vento, cascos de garranos a baterem no chão, a tabernas apinhadas, o burburinho de recente luta, que tinha sido ao pau, uma concertina que toca, as crianças na brincadeira e a chorar, as moedas a caírem dos bolsos, o piscar de olhos matreiros, alguém cora e sorri, ... as trocas mais  que muitas... a alegria, uma vida que não esmorece.

Tudo tinha começado no final do séc. XVIII em que o país atravessava grandes mudanças e quando a chamada “época pombalina” teve o auge, trazendo grande benefícios para a Civilização. Mas, seu Humanismo aqui, com o Marquês de Pombal à cabeça, tinha obrigado o Povo a grandes sacrifícios e ausência de antigas liberdades, alicerçadas na Tradição, agora que mais do que nunca a Sociedade tinha passado a ser dirigida por uma orientação política bem definida e a isto impunha. Entretanto é, nessa altura, que o rei D. José que o protegia morre. Tal como em todas as monarquias as atenções voltam-se então para saber quem vai tomar o seu lugar e, neste caso, era complicado pois não tinha deixado filho homem e estávamos, há muito, sob um regime de lei sálica que obrigava a procura-lo[2]. É então que todos se viram aquele que era considerado o melhor jurisconsulto do seu tempo, o lanhesense frei doutor José Ricalde de Pereira e Castro[3], deputado do Conselho do Santo Ofício e desembargador do Paço Real, para advogar a favor da infanta, filha do monarca. Ele não só o consegue de uma forma brilhante como apresenta magnífico discurso de  "Levantamento ao Trono", em meados de 1777[4], que convence a côrte a entregar, em paz, a governação de Portugal pela primeira vez a uma rainha, em pleno. Isso agradou a todos exceto os partidários de Pombal, que a tal se opunham, que formaram um movimento chamando aos seus oponentes de “Reviralho”, pela reviravolta que fez cair o ex: primeiro-ministro e suas ideias, quando os seus líderes apoiavam-no aparentemente em tudo antes da morte do pai de D. Maria I.
Será então, nessa conformidade, que novas leis surgem e nas quais o então nosso reino é submetido a nova organização e da qual, como sinal de agradecimento, nunca foi esquecida a perícia e vontade do «filho de Lanheses», que era um dos poucos conselheiros que acompanhavam de perto a ação governativa de então, exercendo função de assessoria política[5].


[1] Subsídios para uma Monografia de Lanheses, A Criação da Feira em Lanheses e a Extinção da que se fazia em Meixedo, Gabriel A. M. Gonçalves, Cap. XIV.

[2]A lei sálica, como regra vinda de França no final do séc. XIV, impunha a exclusão feminina na sucessão do trono. Assim como determinava que nenhuma mulher poderia herdar propriedades imóveis e que todas as terras deveriam ser transmitidas aos membros masculinos da sua família.

[3] Era filho natural do coronel José Pereira de Brito e Castro e irmão de Francisco de Abreu Pereira, ambos senhores do Paço de Lanheses. – Felgueiras Gayo, vol. II, pg. 271  (Barbosas).

[4] Auto do Levantamento, e Juramento que os Grandes, [..], e mais Pessoas, que se acharam presentes, fizeram à Muito Alta, Muito Poderosa Rainha Fidelíssima a Senhora D. Maria I, [..], sendo Exaltada, e Coroada sobre o Régio Throno [..] dia Treze de Maio. Anno de 1777 - Lisboa, Na Regia Officina Typografica, 1780, págs. 59-75.

[5] Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Lisboa, Editorial Verbo, 1982, vol. VI, p. 339

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